O Astrolábio de Deus

Anjos cantaram num coração amargo
O canto do amor esconde mil segredos
Nele ouvem-se clarinetes e a voz das águas
Eu era como o que do fundo do abismo saia
Deixando o ódio e a lascívia
rumo à aghape e às causas perdidas
E a maior delas: os que estavam a meu lado (no abismo) e eu não via
O amor é o astrolábio de Deus
Confiados nele os navegantes se lançam nos mares, e o leviatã se acalma
A segurança mora com os famintos
Sabendo que o pão será servido ( mesmo se não for de trigo)
Invejosos se envergonham de nem tudo terem tido
A riqueza é dada ao que ama, de graça
Fonte jorradora do Céu
Não se precisa subir em escadas ou em prédios pra bebê-la,
Basta olhar ao lado e, se avistar alguém digno de amor, ame-o
Mas quem não é digno de amor?
Os estupradores, as prostitutas, os assassinos são os mais dignos de amor
E aquele que nega-lhes o amor, é o mais indigno de amor


Oh Amor qual a tua essência?
És como a pomba-rola, indo e vindo como quer
A história nos conta teu percurso pelas mãos dos homens
E nos lábios dos poetas, tuas vozes
Jesus?! Um subversivo em Teu Nome
Quebrou os grilhões do legalismo e as gaiolas dos religiosos
Voemos feito pombas-rolas , voemos como anjos
Se anjos existem ou não… mas algo canta no mundo
Quem tem ouvidos ouvirá

Mas olhe! Nada é prometido
A recompensa do amor é o próprio amor
Quem o dá o aumenta em si mesmo

É diferente de tudo o que acaba

E os anjos cantaram até que eu dormisse….

 

Escrito pelo meu amigo José Paulo Chadan

Extraído de seu blog Cachimbo de melancolia