
Na manhã do dia 27 de fevereiro, aconteceu no auditório da livraria Fonte Editorial, o lançamento do livro A Casa, as mulheres e a igreja – Gênero e religião no contexto familiar. O livro foi escrito a quatro mãos, Sandra Duarte de Souza, doutora em Ciências da Religião e atual professora do programa de pós-graduação em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo, e Carolina Teles Lemos que também é doutora em Ciências da Religião e atual professora do programa de pós-graduação em Ciências da Religião da Universidade Católica de Goiás.
Na primeira parte do livro, professora Sandra Duarte analisa como se relaciona a religião cristã e a violência doméstica, chamando atenção para a construção sócio religiosa do feminino e suas implicações sobre a violência doméstica. A segunda parte do livro a professora Carolina Teles escreve sobre a maternidade e religião.
No evento cada autora palestrou sobre sua escrita no livro, eis um trecho abaixo que retiramos da primeira parte na página 17 do lançamento.

Para que todos vejam, e saibam, e considerem, e juntamente entendam que a mão do Senhor fez isto … (Isaías 41:20) O que Deus uniu, jamais o homem o separe. Essa frase deve estar entre as mais pronunciadas em casamentos religiosos de orientação cristã. Ela é poética, romântica, bela até, mas encerra uma concepção de casamento indissolúvel, a despeito de qualquer situação que contrarie a continuidade do matrimônio, e a não observância dessa norma pode gerar a ira divina. Afinal, como sugere o uso do versículo (epígrafe) no convite de casamento, foi Deus que uniu o casal.
O clássico reformador protestante do século XVI, João Calvino, abominava o desejo e defendia a sujeição da esposa ao esposo mesmo que esta fosse submetida a espancamento. Em carta a uma mulher desconhecida que estava enfrentando problemas conjugais por causa de sua fé, aconselha-a a não deixar seu marido, pois as mulheres não os devem abandonar, …. “exceto por força de necessidade: e não entendemos que essa força esteja atuando quando um marido age rudemente e faz ameaças a mulher, nem mesmo quando a espanca, mas quando há iminente perigo para a sua vida” (apud Schott)
Como identificar a iminência do perigo afirmada por Calvino? O que prevalece é a norma e, principalmente, a crença de que o casamento deve ser mantido a qualquer custo.
O livro pode ser adquirido na editora Fonte Editorial

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